terça-feira, 10 de agosto de 2010

Santa Beatriz da Silva


1 de Setembro


"Cantai ao Senhor, vós que sois seus santos, e celebrai a memória da sua santidade. Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã." ( Sl 30 4-5 )
"A Estrela Luminosa"

Nasceu a Santa Beatriz, em 1424 na cidade de Campo Maior em Portugal. Era de estirpe real. Fora prendada de extraordinária beleza física e excelentes qualidades morais.
Educada e dirigida pelos Franciscanos, com ela crescera uma devoção terníssima à Santíssima Virgem e desejava com todo ardor de sua alma que a Santa Igreja definisse Dógma de Fé, o privilégio de sua Conceição Imaculada.
Quando sua prima Rei D. Isabel, infanta de Portugal, havia sido desposada pelo D. João II de Castela, Beatriz acompanhou a jovem Rainha para a Corte da Espanha, como primeira dama de honra. Sendo Beatriz, bela, atraente e nobre, tornou-se logo a favorita da Côrte, portanto admirada e cortejada por todos. Mas o coração de Beatriz, nunca se prendera a nenhum mortal e pairava acima de todo amor humano. A princípio a Rainha sentia-se contente com os elogios dispensados à sua nobre dama mas...depois o ciúme e a inveja apoderou-se de seu coração e já não via em Beatriz sua amiga, mas uma rival; e decidiu matá-la por asfixia.
Certa noite a Rainha cruel, pôs em prática o seu plano satânico. Conduziu Beatriz aos subterrâneos do palácio e sepultou-a viva em uma grande cofre ali existente. Beatriz estava condenada a uma morte pavorosa pela asfixia. Extremamente angustiada, encomendou sua alma a Deus e pediu perdão por sua adversária. Sentia entretanto, morrer sem receber o Santo Viático e sem nada ter feito em honra da Virgem Imaculada. Renovou seu voto de castidade e aceitou resignadamente a morte. Mas de repente, aquela escura prisão se ilumina e ela vê diante de si, a Virgem Imaculada com o Menino Jesus nos braços.


Trazia hábito e escapulário brancos como a neve e nos ombros um manto de um azul tão claro como o céu sem nuvens. Sua cabeça estava aureolada com uma constelação de doze estrelas. Menino Jesus, tinha nas mãos uma lança com a qual esmagava uma serpente que jazia aos pés da Virgem bendita. Em dado momento a santíssima Virgem exclamou: minha filha, vês os hábitos que trago? pois bem. No fim de três dias serás livre desta prisão e fundarás uma Ordem religiosa em louvor a minha Conceição Imaculada.
Decorrido três dias que Beatriz desaparecera da Corte, seu tio D. João de Menezes, foi ter com a Rainha para saber o paradeiro de sua sobrinha. A Rainha encolerizada com a ousadia do nobre cortesão, o conduziu ao lugar do assassinato julgando encontrar ali um cadáver em decomposição. Receosa, abre o cofre e eis que Beatriz aparece bela, sorridente e aureolada de esplendores celestes. A Rainha solta um grito de terror e Beatriz lança-se a seus pés e pede-lhe permissão para sair da Côrte e refugiar-se em um Mosteiro. A Rainha anuindo ao pedido de Beatriz a deixou partir.


Beatriz deixando a Côrte de Castela dirigiu-se ao Mosteiro de S. Domingos, o Rela de Toledo, a fim de preparar-se no silêncio e na oração, para sua grande missão de Fundadora. Em caminho, sua alma turbou-se receando que a rainha mandasse tirar-lhe a vida e no auge de sua dor aparecem-lhe seus gloriosos patronos S. Francisco e Santo Antônio, que tranquilizaram seu espírito, felicitam-na pela nobilíssima missão que recebera da Rainha do Céu e desaparecem deixando sua alma inundada de consolações celestiais.


Beatriz, chegando ao Mosteiro de S. Domingos, velou para sempre seu rosto com um espesso véu, a fim de que nenhum mortal pudesse jamais contemplar sua deslumbrante formosura.
Decorridos mais de 30 anos, Beatriz tem uma segunda aparição da Ssma. Virgem, revestida com o hábito Concepcionista e ordena-lhe que dê início à fundação de sua Ordem bendita.
Beatriz, recorre à sua parenta, a Rainha D. Isabel, a Católica, filha de sua adversária. Esta Rainha virtuosíssima, tornou-se Co-fundadora e benemérita da Ordem nascente. Doou para o berço da Ordem os Palácios de Galiana e a Igreja de Santa Fé; ela mesma solicitou e obteve do Papa Inocêncio VIII a Bula de Aprovação.


No ano de 1484 Beatriz deixa o Mosteiro de São Domingos onde levara uma vida mais celestial do que terrena. Durante aquele prolongado retiro de mais de 30 anos, passara a maior parte dos dias e das noites em colóquios com o Esposo Divino na solidão do sacrário. Sua alma estava acrisolada de eminentíssimas virtudes, apta e idônea, para a grande missão de Mestra e Mãe.
Acompanhada de 12 donzelas entrou nos palácios de Galiana doados pela Rainha, que em breve tempo foi adaptado à forma de Mosteiro. Ali começaram a observar a vida monástica em todo seu rigor. Vestiam hábito e escapulário brancos, manto azul e cingiam-se com o cordão seráfico.




A Santa Fundadora, suspirava com ansiedade pela aprovação de sua Ordem querida. Certo dia, a Madre Beatriz é chamada à roda da portaria; indo atender, depara-se com o Arcanjo S. Rafael que lhe anuncia a grata notícia da expedição da Bula de Aprovação de sua Ordem. E acrescenta que já se achava a caminho vindo por mar. A Santa Fundadora exultava de gozo celestial aguardando o auspicioso momento de receber aquele precioso documento. Passados alguns dias, eis que recebe uma triste notícia, o navio que trazia a Bula de Aprovação de sua Ordem tinha naufragado no fundo do oceano. Grande foi a dor que oprimiu o coração da Santa Fundadora! Desfeita em lágrimas, prostra-se diante do sacrário e durante 3 dias e 3 noites não o fez senão orar e chorar. Depois levanta-se calma e serena e vai abrir um cofre que ela mesma tem a chave. Encontra ali um certo documento examina-o e com surpresa reconhece ser a Bula de Aprovação de sua Ordem querida, trazendo os sinais e cheiro da água do mar.



 O Arcanjo S. Rafael que trouxera a grata notícia da expedição da Bula, quis também salvá-la do extermínio das águas. ( Por estes fatos miraculosos vemos quanto a fundação desta Ordem bendita agradava à Virgem Imaculada e aos habitantes do céu. Vemos após, o Arcanjo S. Rafael empenhado em sua aprovação ).
A Santa Fundadora podia então entoar o seu cântico de despedida "Nunc dimittis". Sua missão na terra estava cumprida! A excelsa Ordem da Imaculada Conceição estava fundada e aprovada pela Santa Igreja! Suas filhas espirituais, as Concepcionistas, continuariam sua missão no decorrer dos séculos cantando o hino de exultação seráfica à Virgem Imaculada: "Vós sois toda formosa ó Maria! E a mácula original não existiu em vós!" E todas as Concepcionistas animadas pelo exemplo de Beatriz, no dia de sua procissão, juravam solenemente sobre os santos Evangelhos, defenderam com a própria vida este privilégio sinular da Ssma.Virgem.


A grande glória e mérito da Santa Beatriz, é ter dado ao mundo cristão, 400 anos antes da declaração do Dógma, um testemunho vivo de fé na verdade divinamente revelada, da Conceição Imaculada de Maria.
Estava a Santa Fundadora, aos 67 anos de idade, quando pela terceira vez recebeu a visita da Virgem Imaculada, que depois de lhe haver falado maternalmente acrescentou: minha filha, prepara-te que de hoje a 10 dias virás comigo para o paraíso. Apesar de Beatriz ser alma mais celestial do que terrena estremece ao pensar em sua Ordem querida cujas perseguições e provações lhe haviam sido reveladas pelo próprio deus. Pensa em suas filhas espirituais, que ainda principiantes na virtude, poderiam vacilar em face das grandes tribulações que lhes sobreviriam após a sua morte. E numa prece ardente e fervorosa ela implora a proteção divina para sua obra apenas começada. Mas o bom Jesus, que se compraz nas almas puras e humildes não tardou em vir em seu auxílio. Inspirou-lhe a colocar a Ordem nascente sob a proteção dos Franciscanos por serem defensores intrépidos do mistério da Conceição Imaculada de sua gloriosa mãe. E assim quando a Ordem bendita fosse perseguida, abatida e quase extinta, pelas forças inimigas, eles seriam também seus defensores e seus restauradores.


Após isso Beatriz caiu gravemente enferma e calma e serena comunica ao seu diretor espiritual a revelação que tivera e como virgem prudente com a lâmpada acesa, aguardava a chegada do Esposo.
Chegara afinal o dia predito pela Santíssima Virgem para o trespasse de Beatriz. Era a tarde de 09 de agosto de 1491. Estendida em seu leito de agonia tinha ainda a face velada. Mas quem a descobrirá? Um temor reverencial intimida a todos! Uma de suas filhas com a mão trêmula de emoção descobre o rosto seráfico da Santa Mãe. Ó maravilha! Exclamam todos tomados de admiração! Um esplendor celeste envolvia-lhe a face angelical que conservava toda pujança de sua decantada beleza e uma estrela luminosa veio pousar acima de sua fronte dardejando luz tão maravilhosa que enchia todo ambiente. Testemunha deste milagre foram 6 sacerdotes Franciscanos e monjas Cistercienses que tinham vindo assistir os seus últimos momentos.



 Tendo se espalhado a notícia do milagre, todo povo que estava na igreja e nas dependências externas, invadiu a clausura a fim de contemplar a Santa dos esplendores ainda viva, como glorificada e com ares do paraíso. E todos puderam admirá-la à vontade, pois a estrela só desapareceu quando a alma de Beatriz desprendeu-se do invólucro mortal e evolou-se à Pátria Celestial.


Reflexão:
Vê-se, em sua vida, como Beatriz renunciou a tudo o que tinha para seguir a Deus. De rosto belíssimo, sofria muito a Santa com as brigas provocadas pelos jovens da côrte por causa dela. Tanto que chegou a expressar que trocaria seu rosto pelo da mulher mais feia do mundo. Observa-se em sua história, como renunciava a seus atributos físicos e à um casamento bem arranjado, pois Deus era o dono de seu coração. Vê-se com que coragem deixou suas riquezas para fazer a vontade de sua Mãe Celeste, e com que paciência suportou esperar o chamado de Deus, durante 30 anos, num mosteiro beneditio onde nem sequer era religiosa. Por fim após fundar a sonhada Ordem, não pôde dela desfrutar, pois não era desejo de Deus. Assim então, ao morrer, não estava con jóias ou uma coroa em sua cabeça, mas sim com uma estrela duorada e de seu rosto saíam os raios do Sol. A glória de Deus é muito maior do que qualquer riqueza humana. Podemos então, a exemplo de Santa Beatriz, renunciar a tudo para ganharmos O Tudo, que é o Senhor.

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